O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) realizou uma operação que tem chamado a atenção do mercado financeiro – sobretudo com os calotes de empresas como Marisa e Americanas. Trata-se da emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) que captou 17,5 milhões de reais.
A operação, realizada por sete cooperativas associadas ao MST, deve beneficiar cerca de 13 mil agricultores. Os CRAs foram emitidos de acordo com a instrução 400 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e têm como lastro a produção futura das cooperativas. Com pagamento de 5,5% a.a, a operação deu muito o que falar.
O que este artigo aborda:
Antes, o que são os CRA’s
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio, ou CRAs, são títulos de dívida emitidos por empresas do setor do agronegócio, como cooperativas e agroindústrias, que buscam obter recursos financeiros para investimentos ou para capital de giro.
Os CRAs são lastreados em recebíveis do agronegócio, como a produção futura de safras agrícolas ou a venda de produtos agropecuários. Esses títulos são negociados no mercado financeiro e permitem que investidores diversifiquem suas carteiras de investimentos, além de possibilitar que as empresas do agronegócio obtenham recursos a custos menores do que os empréstimos tradicionais.
O impacto dos CRAs na economia é positivo, pois esses títulos ajudam a financiar a produção agrícola e pecuária no país, um setor importante para a economia brasileira. Além disso, a emissão de CRAs contribui para a redução da dependência do setor agropecuário em relação aos bancos comerciais, aumentando a diversificação das fontes de financiamento.
Com a emissão de CRAs, as empresas do agronegócio conseguem acessar recursos a taxas de juros menores, além de poderem escolher prazos de pagamento mais adequados às suas necessidades. Já os investidores têm acesso a uma nova classe de ativos, com boa rentabilidade e risco adequado ao seu perfil de investimento.
CRA’s e o ESG
ESG é um acrônimo para Environmental, Social and Governance (Meio Ambiente, Social e Governança, em português) e se refere a um conjunto de critérios utilizados para avaliar a sustentabilidade e o impacto das empresas em diferentes aspectos.
Investir em empresas que seguem princípios ESG significa escolher investimentos que tenham como foco o desenvolvimento sustentável, o respeito aos direitos humanos, a preservação do meio ambiente e boas práticas de governança corporativa. As empresas que adotam esses princípios buscam minimizar seus impactos negativos e contribuir para um futuro mais sustentável, além de gerar resultados positivos tanto para a sociedade quanto para os acionistas.
No caso específico dos CRAs do MST, a emissão desses certificados permite que investidores apliquem recursos financeiros em uma atividade agrícola que segue princípios ESG, uma vez que as cooperativas associadas ao movimento têm como foco a produção agroecológica, a geração de trabalho e renda para os trabalhadores rurais e a preservação do meio ambiente.
Ao investir em CRAs do MST, os investidores estão contribuindo para a expansão de um modelo de agricultura sustentável, que valoriza as comunidades locais e a preservação dos recursos naturais. Além disso, o investimento em CRAs é uma forma de diversificar a carteira de investimentos, já que os CRAs têm baixa correlação com outros ativos do mercado financeiro e oferecem uma rentabilidade atrativa. No geral, investir em empresas que seguem princípios ESG pode ser uma opção interessante para investidores que buscam não apenas lucro, mas também contribuir para a construção de um mundo mais justo e sustentável.
Outras opções às CRA’s
Entretanto, as CRAs não são a única forma de investir no agronegócio. Seja porque o seu objetivo é conseguir ganhos maiores do que 5% ao ano ou porque há iniciativas e empresas nas quais você acredite mais do que o MST, separamos ainda outras alternativas possíveis de investimentos agro para você adotar.
- Ações de empresas do setor agro: investir em ações de empresas ligadas ao agronegócio pode ser uma forma de obter ganhos financeiros por meio da valorização dessas empresas e da distribuição de dividendos aos acionistas.
- Debêntures: as debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos no mercado. No setor de agronegócio, existem debêntures emitidas por empresas que atuam em diversas áreas, como produção de grãos, pecuária, fertilizantes, entre outras.
- Commodities: as commodities são produtos que têm cotação internacional e são negociados em bolsas de mercadorias. No setor de agronegócio, as principais commodities são soja, milho, café, algodão, açúcar, entre outros.
- LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio): as LCAs são títulos de renda fixa emitidos por bancos que têm lastro em operações do setor de agronegócio. Os recursos captados são destinados a financiar o setor agro, e as LCAs são isentas de imposto de renda para pessoas físicas.
- Fiagro: Os FIAGRO são uma categoria de fundos de investimentos criados em 2020 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fomentar o financiamento do agronegócio brasileiro. Eles são voltados para investidores que desejam aplicar em ativos ligados ao setor agropecuário, como terras, maquinários, insumos e até mesmo CRAs, distribuindo dividendos mensalmente aos investidores.
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